HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA, dirigido por Fernanda Pessoa, realiza uma releitura histórica da ditadura militar no Brasil, com foco nos 1970, a partir apenas de imagens oriundas de 30 filmes produzidos no período e que foram considerados “pornochanchadas”, o gênero mais visto e mais produzido durante a década de 70.
O filme terá estreia mundial no 20o Festival de Cinema de Tiradentes, onde será exibido na Mostra Aurora, competitiva de novos diretores, com exibição marcada para o dia 26, quinta-feira, às 20h no Cine-tenda. HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA é um documentário de montagem, ou de remploi, feito inteiramente com imagens e sons das pornochanchadas, sem entrevistas ou off. Temas como a luta armada, a violência do Estado, o milagre econômico, a “era de aquarius” e a modernização do país são abordados de forma divertida e inusitada, através de uma montagem criativa e associação inesperada de imagens.
HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA relembra e analisa um período histórico brasileiro através da sua produção cinematográfica hegemônica, provocando uma reflexão não somente sobre o período histórico retratado, mas também sobre o próprio cinema enquanto construtor da história e da memória coletiva.
Anotações sobre o filme por Fernanda Pessoa
“Sem ter vivido o período da ditadura militar, já que nasci um ano após a abertura democrática, encontrei nos filmes nacionais do período um grande material histórico, ainda pouco analisado dentro desta perspectiva. Aprendi muito sobre o período assistindo a esses filmes e é essa visão que pretendo mostrar ao espectador, partindo de um conhecimento empírico vindo do próprio cinema. Do chamado “milagre econômico” à repressão e às torturas, tudo foi retratado pelo cinema popular da época, implícita ou explicitamente.
De uma pesquisa inicial de mais de 150 filmes, foram selecionados 30 títulos. Foi realizada uma pesquisa intensa com diversas instituições e pessoas para conseguir encontrar o maior número de filmes produzidos nessa época. Essa difícil busca revelou o quanto a memória do cinema nacional não está sendo preservada. Filmes de importância histórica e estética não estão disponíveis ao público. Por isso, um grande objetivo é trazer à luz a filmografia da chamada pornochanchada – muitas vezes esquecida ou rejeitada. Além disso, o filme propõe uma reflexão sobre quão diferentes entre si eram os filmes enquadrados nesse gênero. ”
Histórias que nosso cinema não contava - trailer from Fernanda Pessoa on Vimeo.
Sobre a diretorawww.pessoafernanda.com
Fernanda Pessoa é cineasta e artista visual. Formada em cinema pela FAAP (2010) e mestre em Cinema e Audiovisual pela Université Sorbonne Nouvelle (2013), sob a direção de Philippe Dubois. HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA é seu primeiro longa metragem.
Desde 2011 desenvolve um trabalho de interação entre cinema e artes visuais, com foco na pesquisa do cinema em super 8mm e 16mm e na utilização de found footage. Dirigiu cinco curtas-metragens, exibidos em festivais nacionais e internacionais. Em 2014 foi selecionada no edital de Artes Visuais do 18o Cultura Inglesa Festival, com o projeto Estações, uma instalação fílmica com quatro projetores 16mm. Em 2016, realizou no MIS-SP a videoinstalação Prazeres Proibidos, sobre a censura aos filmes de pornochanchada durante o regime militar.
Ficha Técnica
DIREÇÃO E CONCEPÇÃO: Fernanda Pessoa
PRODUÇÃO: Julia Borges Araña
MONTAGEM: Luiz Cruz
SOUND DESIGN E MIXAGEM: Érico Theobaldo (Coletiva Produtora)
FINALIZAÇÃO: Quanta Post
PRODUTORA: Pessoa Produções
COPRODUTORA: Studio Riff
Produtoras
Pessoa Produções foi fundada por Fernanda Pessoa em 2014 e atua na fronteira entre o cinema e as artes visuais, além de prestar serviços na área de publicidade e trabalhos institucionais. Produziu os curtas “Pesadelo de Classe” e “Libação”, ambos exibidos na Mostra de Tiradentes.
Studio Riff é uma produtora audiovisual com foco em realização documental para cinema, televisão e internet. Atualmente desenvolve dois longas metragens documentais. Produziu 7 curtas-metragens e 2 médias metragens. “Diálogos” (35, 2011) ganhou o prêmio de Melhor filme no Festival Cinesul 2012. “Cidade Improvisada” (19’, 2012), ganhou o prêmio de melhor filme no Festival Visões Periféricas e foi selecionado para mais de 30 festivais nacionais e internacionais. “100% Boliviano, Mano” (2013, 15’), curta-doc, ganhou o prêmio de Melhor Curta Educativo pelo Festival Entretodos de Direitos Humanos 2013 e o curta “Janaína” venceu o prêmio Visão Social no mesmo festival.
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