É APENAS O FIM DO MUNDO

Vencedor do Prêmio do Júri no ultimo Festival de Cannes, É APENAS O FIM DO MUNDO estreia em novembro

Baseado na peça Juste la fin du monde, novo filme de Xavier Dolan, É APENAS O FIM DO MUNDO, estreia dia 24 de novembro após receber o Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2016. O filme, que tem no elenco nomes consagrados do cinema francês, como Nathalie Baye, Vincent Cassel, Marion Cotillard e Léa Seydoux, foi exibido também no Festival Internacional de Cinema do Rio e está na programação do 24° Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, maior festival LGBTQ da América Latina, acontece de 9 a 20 de novembro na Capital Paulista.


Após doze anos de ausência, um escritor volta a sua cidade-natal com planos de anunciar sua iminente morte para a família.

Conforme o ressentimento vai reescrevendo o curso da tarde, ataques e brigas se desenrolam, estimulados pela amargura e pelo medo, enquanto todas tentativas de empatia são sabotadas pela incapacidade das pessoas em ouvir e amar.


Notas do diretor

Foi em 2010, ou talvez já em 2011, não lembro.  Mas logo depois de Eu Matei a Minha Mãe, eu estava na casa de Anne Dorval, sentado no balcão de sua cozinha. Aquele se tornou o local inescapável onde sempre íamos para fofocar, trocar confidências e confissões, ver fotos, ler alguma coisa ou, como na maior parte do tempo, ficar de bobeira. Foi ali que ela mencionou uma peça extraordinária que ela teve o prazer indescritível de fazer no começo do século. “Eu nunca tive a oportunidade de dizer e atuar coisas escritas e concebidas desse jeito, em um vernáculo tão exaustivamente particular”, ela me disse. Além disso, ela estava convencida que eu tinha a horrenda obrigação de ler a peça. Ela até me deu sua cópia pessoal, do jeito que estava, com rabiscos de uma década; deixas, posições de palco e um bocado de anotações pelos cantos...

Levei para casa o volumoso documento impresso em papel sulfite. A leitura anunciava um certo... rigor. Na verdade, diferente do que Anne prometeu, eu não me empolguei muito com ele. Para ser honesto, eu senti um desinteresse pelo material, e talvez até uma aversão pela linguagem. Por causa de um bloqueio intelectual de alguma espécie, eu não conseguir simpatizar com os personagens ou a história, e não era capaz de amar a peça que minha amiga venerava profundamente. Pus É Apenas o Fim do Mundo de lado, e Anne e eu nunca comentamos sobre isso novamente.

Quatro anos depois, logo depois de Mommy, eu me peguei pensando no grande volume de capa azul, guardado na biblioteca da sala de estar – na prateleira de cima, naturalmente. Estava tão no alto que se destacava da pilha de livros na qual estava agrupado, de cabeça erguida, como soubesse que não poderia ser ignorado longamente.

No começo daquele verão, eu reli – ou li, na verdade – É Apenas o Fim Mundo. Lá pela página 6, sabia que seria meu próximo filme.

E meu primeiro filme como homem feito. Eu finalmente conseguia entender as palavras, emoções, silêncios, hesitações, inseguranças, falhas autênticas e arrebatadoras dos personagens de Jean-Luc Lagarce. Para defender a peça, devo dizer que não lhe dei uma chance real naquele primeiro momento. Em minha defesa, devo dizer que, se tivesse dado meu melhor, não acho que teria entendido mesmo assim.

O tempo tem seu jeito próprio e (muito) frequentemente Anne está certa.

Xavier Dolan, 2 de abril de 2016

Direção: Xavier Dolan
Elenco: Gaspard Ulliel, Léa Seydoux, Vincent Cassel, Marion Cotillard
Gênero: Drama
País: Canadá, França
Ano: 2016
Duração: 97 min

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