Durante os anos 70, um gênero popular de filme se disseminou nas salas de exibição: a Comédia Erótica, popular e vulgarmente conhecida como Pornochanchada. As produções de baixo orçamento, mas com grande apelo sexual, levavam multidões ao cinema. Uma parte desse sucesso é devida aos artistas que estrelaram as obras e ficaram eternizados em seus papéis.
A maioria dos longas nacionais da Comédia Erótica era feito no bairro da Luz, centro de São Paulo, numa região que foi nomeada de Boca do Lixo, por ser uma área degradada socialmente. Ainda hoje ela é, mas as produtoras cinematográficas não estão mais lá desde a década de 80. O local é apenas a longínqua memória do que já foi um dia.
A história do cinema brasileiro deve muito às comédias pornográficas, pois, graças a elas, os diretores podiam arrecadar capital para investir em produções mais elaboradas esteticamente. Em especial, às atrizes que estrelaram os filmes e que permanecem até hoje no imaginário da população. Confira a história de algumas delas:
Sônia Braga
Um dos maiores símbolos sexuais do Brasil, Sônia tem longa carreira no cinema e televisão. Participou de importantes produções como ‘O Bandido da Luz Vermelha’ (1968), de Rogério Sganzerla e ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ (1976), de Bruno Barreto, que detém o título de 2º filme brasileiro de maior público, com quase 11 milhões de espectadores. Além desses, estrelou ‘A Dama do Lotação’ (1978), de Neville de Almeida, baseado na obra de Nelson Rodrigues, ‘O Beijo da Mulher-Aranha’ (1985), de Hector Babenco e ‘Gabriela, Cravo e Canela’ (1983), de Barreto e ‘Tieta do Agreste’ (1996), de Cacá Diegues – os dois últimos baseados nos livros de Jorge Amado. (Foto: Reprodução)
Vera Fischer
Conhecida do horário nobre por seus últimos trabalhos nas novelas ‘Salve Jorge’ (2012) e ‘Caminho das Índias’ (2009), além da polêmica ‘Mandala’ de 1987, Vera Fischer iniciou sua carreira no cinema, com os filmes ‘Sinal Vermelho – As Fêmeas’ (1972), dirigido por Fauzi Mansur e ‘A Super Fêmea’ (1973), de Anibal Massaini, com público acima de 1 milhão em cada produção. Além de outras produções, ela esteve em ‘Amor Estranho Amor’, de 1982, direção de Walter Hugo Khoury. (Foto: Reprodução)
Nicole Puzzi
Entre os filmes de maior sucesso da carreira de Nicole estão ‘Ariella’ (1980), de John Herbert, e ‘Convite ao Prazer’ (1980), de Walter Hugo Khoury, que quase chegou à marca de dois milhões de espectadores no cinema. Além deste, também estrelou ‘Escola Penal de Meninas Violentadas’ (1977), ‘Damas do Prazer’ (1978) e ‘Perdida em Sodoma’ (1982). De lá pra cá, atuou em algumas novelas, como ‘Barriga de Aluguel’ (1990) e escreveu dois livros: ‘Parado na Porta do Céu’ e ‘A Boca de São Paulo’, este último sobre a Boca do Lixo. (Foto: Reprodução)
Matilde Mastrangi
Matilde já declarou que vê as pornochanchadas como uma fase medíocre do cinema brasileiro. Segunda ela, o gênero só floresceu por causa da ditadura e a censura que limitava as obras de arte e comunicação. Análises à parte, exibiu os dotes físicos em ‘Bacalhau’ (1975), de Adriano Stuart, ‘Palácio de Vênus’ (1981), de Ody Fraga e no polêmico ‘Incesto’ (1976), de Fauzi Mansur. Ela é casada com ator Oscar Magrini desde 1990. (Foto: Reprodução)
Aldine Müller
Aldine permanece em atividade cênica até hoje. De 2010 a Março deste ano, esteve em cartaz com a peça ‘Virgem aos 40.com’, no teatro Zanoni Ferrite. Trabalhou em várias emissoras, nas novelas ‘Rainha da Sucata’ (1990), ‘Sassaricando’ (1987) ‘A Escrava Isaura’ (2004), e também na ‘Escolhinha do Professor Raimundo’. Mas, sua carreira começou nas comédias eróticas da década de 70. Filmes como ‘As Meninas Querem... Os Coroas Podem’ (1976), de Oswaldo de Oliveira, ‘Bem Dotado, O Homem de Itu’ (1978), de José Miziara e ‘Bacanal’ (1981), de Antônio Meliande, tiveram boa receptividade com o público. (Foto: Reprodução)
Sandra Barsotti
A carioca ganhou projeção nacional ao participar do filme ‘Quando as Mulheres Paqueram’ (1972), de Victor di Mello. Em ‘A Noite dos Duros’ (1978), de Adriano Stuart, atuou ao lado de Antônio Fagundes e Marco Nanini. Outras produções que estrelou são: ‘Um Varão Entre as Mulheres’ (1974), de di Mello, ‘Os Maníacos Eróticos’ (1975), de Alberto Salva e ‘Ouro Sangrento’ (1977), de César Ladeira Filho. Posteriormente fez novelas de destaque, como ‘Roque Santeiro’ (1975), ‘O Casarão’ (1976), sendo seu último trabalho na televisão até agora ‘Morde e Assopra’ (2011). (Foto: Reprodução)
Angelina Muniz
Símbolo sexual dos anos 80, Angelina teve uma breve carreira no cinema, mas participou de comédias eróticas notáveis, como ‘O Inseto do Amor’ (19780, de Fauzi Mansur, ‘O Sol dos Amantes’ (1979), de Geraldo Santos Pereira e ‘Amante Latino’ (1979), de Pedro Carlos Rovai. Posou nua três vezes para a Playboy e hoje pode ser vista na televisão em séries e novelas. (Foto: Reprodução)
Sandra Bréa
A atriz participou ativamente de filmes pornográficos no final da década de 70. Estrelou ‘Cassy Jones, O Magnífico Sedutor’ (1972), de Luiz Sérgio Person, ‘O Prisioneiro do Sexo’ (1978), de Walter Hugo Khoury, ‘Herança dos Devassos’ (1979), de Alfredo Sternheim. Durante os anos 80, Sandra esteve em algumas novelas, mas afastou-se da televisão depois de ‘Felicidade’ (1992). No ano seguinte, declarou publicamente ser portadora do vírus HIV. Passou por diversas cirurgias, como retirada do ovário e útero e faleceu em 4 de Maio de 2000 por causa de um câncer no pulmão. (Foto: Reprodução)
Helena Ramos
Helena teve longa carreira no cinema erótico. Começou como telemoça do Silvio Santos e recebeu seu primeiro convite para fazer filmes aos 19 anos. Fez ‘As Cangaceiras Eróticas’ (1974), de Roberto Mauro, ‘Dezenove Mulheres e Um Homem’ (1977), de David Cardoso e ‘Roberta, a Moderna Gueixa do Sexo’ (1978), de Raffaele Rossi. O último longa foi ‘A Volúpia do Amor’, em 1984, porque, com a queda da ditadura e abertura política, as produções passaram a ter sexo explícito e ela não se sentiu mais à vontade para continuar. (Foto: Reprodução)
Zaira Bueno
A gaúcha, além de atriz, é bailarina. Entre seus filmes de maior sucesso estão ‘A Ilha dos Desejos’ (1975), de Jean Garret e ‘Coisas Eróticas’ (1982), de Raffaele Rossi e L. Callachio, este último com quase 5 milhões de espectadores nas salas de cinema. Foi capa da Playboy de 1983. (Foto: Reprodução)
Adele Fátima
De uma família abastada do bairro da Urca no Rio de Janeiro, a mulata era garota propaganda do Clube de Futebol Bangu e Tintas Ypiranga. Estrelou filmes de sucesso de público, como ‘As Massagistas Profissionais’ (1976) e ‘Manicures a Domicílio’ (1978), ambos de Carlos Mossy e ‘Histórias Que Nossas Babás Não Contavam’ (1979), de Anibal Massaini, no qual interpretava o papel da Branca de Neve, cercada por anões tarados. (Foto: Reprodução)
Selma Egrei
A atriz estudou na Escola de Arte Dramática (EAD-USP) e lá, o preconceito contra fazer televisão era grande. Preferia o cinema ou o teatro. Fez filmes como ‘Emanuelle Tropical’ (1977), de J. Marreco e ‘Nos Embalos de Ipanema’ (1978), de Antonio Calmon. Recentemente esteve nas novelas ‘A Favorita’ (2008) e ‘O Astro’ (2011). Em entrevista recente, ela renega essa fase de sua carreira, afirmando que os artistas eram mal pagos e que não havia espaço para elaborar melhor o trabalho. Ela diz que a Boca do lixo não teve importância alguma para a cultura brasileira. (Foto: Reprodução)
Novani Novakoski
Também conhecida como Eni Helena Novakoski, ela nasceu em Ponta Grossa, Paraná, e atuou entre os anos 1977 e 1979, com 11 filmes no currículo. Seus maiores papéis estão em ‘Pensionato das Vigaristas’ (1977), de Osvaldo de Oliveira e ‘Na Violência do Sexo’ (1978), de Antonio Bonacin Thomé e ‘Os Violentadores’ (1978), de Tony Vieira. (Foto: Reprodução)
Zilda Mayo
A gaúcha, além de atriz, é bailarina. Entre seus filmes de maior sucesso estão ‘A Ilha dos Desejos’ (1975), de Jean Garret e ‘Coisas Eróticas’ (1982), de Raffaele Rossi e L. Callachio, este último com quase 5 milhões de espectadores nas salas de cinema. Foi capa da Playboy de 1983. (Foto: Reprodução)
Noelle Pine
De Brasília para a Boca do Lixo, Noelle estreou nas comédias eróticas em 1976 com o filme ‘Incesto’, de Fauzi Mansur, ao lado de Matilde Mastrangi. Participou também de ‘A Insaciável – Tormentos da Carne’ (1981), de Waldir Kopesky e ‘Perdida em Sodoma’ (1982), de Nilton Nascimento. (Foto: Reprodução)
Lucélia Santos
A eterna escrava Isaura estrelou diversas novelas e séries na televisão e também deu seu pulinho nas comédias eróticas. Entre os filmes que participou, se destacam ‘Já Não Se Faz Amor Como Antigamente’ (1976), com direção de Anselmo Duarte, Adriano Stuart e John Herbert, ‘Álbum de Família’ (1981) e ‘Bonitinha, mas Ordinária’ (1981), ambos de Braz Chediak. (Foto: Reprodução)
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